sexta-feira, 12 de abril de 2013

Estupro ou "ato profético"?

Desde ontem tenho acompanhado aqui de Jerusalém a suposta "agressão" de Gerald Thomas à uma das panicats - "repórteres" de um dos mais horrorosos programas já concebidos e veiculados na televisão brasileira, o "Pânico na TV". Diante da força da imagem fiquei chocado com a ação deste artista e imediatamente manifestei meu protesto através do compartilhamento de um texto escrito por Nádia Lapa, cujo título é "A cultura do estupro", amplamente divulgado nas redes sociais.

Porém, advertido e informado por um amigo das boas artes no Rio de Janeiro, um maestro, resolvi me retratar da crítica ao Thomas e mesmo dizer que talvez seu gesto está mais para profético do que para estrupo.

Para quem conhece os profetas bíblicos sabe que frequentemente eles faziam algum gesto "tresloucado" para chamar a atenção dos ouvintes ou do público à mensagem que queriam anunciar.

Gerald Thomas foi grosseiro, não há dúvidas, mas o sentimento que ele causou no público de modo geral é exatamente o mesmo que sinto - compartilhado por muitos e creio que foi exatamente isso que ele quis expressar - quando ligo a televisão e me deparo com alguns dos programas de humor, ou melhor, de mau-humor, veiculados na televisão brasileira, dentre eles o programa supracitado.

Estarrece-me a ousadia mal educada de seus apresentadores e repórteres. Choca-me a exposição barata e inescrupulosa de corpos femininos (aliás bastante masculinizados) e a exploração de um erotismo grosseiro, tudo em nome da conquista e manutenção da audiência (e quem me conhece sabe que não sou moralista, portanto não faça esse juízo a meu respeito).

Talvez alguém me aconselhe a mudar de canal, mas o problema é mudar de canal e cair em "A Fazenda" ou no "BBB-...", trocando "6" por meia dúzia. Diante disso, resolvi, na verdade, desligar a televisão e só tomo conhecimento do que nesta ocorre pelas redes sociais ou, infelizmente, por alguns canais de informação (predominantemente jornais eletrônicos) que se rendem ao culto do grotesco que se instalou em nossa sociedade - inclusive o religioso - e estampam em suas capas notícias de tais programas, se ocupando de nos "atualizar" das novidades.

Diante disso e muito mais, porém não desejo cansar o leitor, repensando a ação de Gerald Thomas, retrato-me da crítica inicial e a saúdo seu gesto como um "ato profético" de grande coragem e ousadia, na expectativa que tal evento possa representar o início de uma mudança na qualidade de nossas programações.

Espero que o escândalo que ele causou traga reflexão aos que promovem este tipo de programação e que nos afrontam, diariamente, com a exposição do ridículo. Ao mesmo tempo, desejo que a própria sociedade, inclusive os que se sentiram ofendidos, levante-se para cobrar mudanças significativas para que informem e não deformem, para que entretenham sem serem vazios e grosseiros.

Concluindo, sugiro:

Desligue sua televisão e leia bons livros!


2 comentários:

  1. Perambulando por aqui, me deparei com essa horrorosa noticia, mas fiquei aliviada ao final quando pude constatar que já sigo seu conselho...realmente não tem sido fácil ligar a TV em alguns programas...a começar por apresentadores medíocres aos seus conteúdos sem que nos acrescente absolutamente NADA!! Melhor assistir a um bom filme, ler um belo artigo ou livros que agregue algum valor.
    Em uma carta aberta em 2008, o ator Wagner Moura vitima do ridículo desse programa disse:Em seu desabafo, Wagner Moura critica o que chama de "espetacularização da babaquice". "Meu Deus, será que alguém realmente acha que jogar meleca nos outros é engraçado? Qual será o próximo passo? Tacar cocô nas pessoas? Atingir os incautos com pedaços de pau para o deleite sorridente do telespectador?" Se ele que é da classe artística se revoltou, imagina o que eu penso dos acontecimentos aqui citados por vc Marco? Me entristece saber que muitos jovens brasileiros se embebedam com tanta porcaria!! Um abraço.

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    1. É verdade, Régia. Eu mesmo, já há muito, não via a programação em nossa TV. Prefiro ler um livro, conversar com um amigo, cultivar comunhão com a família ou mesmo o uso criterioso do computador, onde temos um universo mais rico para escolhas.
      A programação da TV brasileira é triste, inclua-se nisso a programação religiosa por ela transmitida.

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