quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Manifestações da Graça de Deus na Cultura Popular

Há alguns anos escrevi um editorial no boletim dominical da Igreja que pastoreava no Rio de Janeiro com este mesmo título.

Inspirado por um encontro "místico" com um novo grupo musical brasileiro, o Teatro Mágico, saí do Circo Voador - uma casa de shows na Lapa, Centro do Rio - deslumbrado, junto com meus dois filhos, por toda a beleza e encantamento proporcionados pelo excelente trabalho da trupe. Poucas vezes, ou talvez nunca, havia presenciado um trabalho tão completo, com música de alta qualidade, poesia, circo e teatro. Vi adolescentes emocionados e adultos às lágrimas (meu caso). Não havia nenhum apelo emocional, mas a estética do evento tocou profundamente à todos.

Durante e depois, fiquei a pensar no quanto perdemos de testemunhar das manifestações da graça de Deus em razão de um conceito pobre e reduzido de "espiritualidade" que nos aprisiona nos guetos religiosos e nos impede de perceber que a "glória de Deus enche toda a terra" e que Sua graça não está aprisionada à Igreja e nem a qualquer outra instituição, religião ou personalidade. Tal atitude tem empobrecido nosso culto, música e púlpito, o que nos limita em muito em nossa comunicação com o mundo, objeto do amor de Deus.

É necessário, portanto, mesmo "não sendo do mundo", mas estando nele, que saíamos à ouvi-lo a fim de que possamos encontrar ouvidos abertos para aquilo que desejamos comunicar.

Começar pelo "O Teatro Mágico" poderia ser uma boa sugestão.

Desfrute!

terça-feira, 28 de agosto de 2012

"O que é, o que é?"

Há momentos na vida em que precisamos aquietar, calar e rever nossa história, nossos erros e acertos, nossos conceitos. Estes podem ser, também, momentos em que tenhamos que decidir entre a culpa e o perdão, a alegria e a tristeza, brigar com o mundo ou sofrer a injustiça, calados, assumindo as responsabilidades, plenamente, pelos próprios erros e servindo de bode expiatório para os dos outros. Podem ser, ainda, situações tão extremas, de dor tão particular, que somente quem a sofre a sabe, que tenhamos que decidir entre se deixar morrer ou perseverar e continuar construindo a história com a teimosa  convicção que vale à pena viver e de que a vida é bela.

Nestes momentos de caminhada solitária muitas vozes nos estimulam a perseverar. A graça de Deus, que é soberana e permeia toda a nossa história e existência, se manifesta em cenários considerados improváveis por boa parte dos religiosos, proprietários da verdade e do sagrado, e se revela em cenários, temperos, aromas e sons, restaurando nossa esperança, alegria e fé.

É de um destes "sons", cheio da graça comum que Deus derrama sobre tudo e todos, que recebo uma das mais encorajadoras mensagens para continuar a caminhada, acreditando, inclusive, contra todas as evidências, na Igreja.

É de Luiz Gonzaga do Nascimento Júnior, grande compositor de nossa MPB (herdeiro de um outro Gonzaga, maior), vitimado por um acidente de transito aos 45 anos, que me chegam as palavras de maior encorajamento, nesta poesia, transcrita abaixo, cheia de alegria, esperança, otimismo, beleza e vida, acompanhada por uma melodia não menos bela que você pode ouvir no vídeo a seguir:

"O que é, o que é?"

Eu fico
Com a pureza
Da resposta das crianças
É a vida, é bonita
E é bonita...

Viver!
E não ter a vergonha
De ser feliz
Cantar e cantar e cantar
A beleza de ser
Um eterno aprendiz...

Ah, meu Deus!
Eu sei, eu sei
Que a vida devia ser
Bem melhor e será
Mas isso não impede
Que eu repita
É bonita, é bonita
E é bonita...

E a vida!
E a vida o que é?
Diga lá, meu irmão
Ela é a batida
De um coração
Ela é uma doce ilusão
Hê! Hô!

E a vida
Ela é maravilha
Ou é sofrimento?
Ela é alegria
Ou lamento?
O que é? O que é?
Meu irmão...

Há quem fale
Que a vida da gente
É um nada no mundo
É uma gora, é um tempo
Que nem dá um segundo...

Há quem fale
Que é um divino
Mistério profundo
É o sopro do criador
Numa atitude repleta de
amor

Você diz que é luta e prazer
Ele diz que a vida é viver
Ela diz que melhor é morrer
Pois amada não é
E o verbo é sofrer...

Eu só sei que confio na moça
E na moça eu ponho a força
da fé
Somos nós que fazemos a
vida
Como der, ou puder, ou
quiser...

Sempre desejada
Por mais que esteja errada
Ninguém quer a morte
Só saúde e sorte...

E a pergunta roda
E a cabeça agita
Eu fico com a pureza
Da resposta das crianças
É a vida, é bonita
E é bonita...