terça-feira, 6 de novembro de 2012

...mas também o Português,

que é, aliás, a sexta língua mais falada do mundo, com cerca de 220 milhões, ficando atrás somente do Mandarim, Hindi, Inglês, Espanhol e do Árabe.

Este dado, por si só, deveria aumentar nossa autoestima e nos levar a um carinho maior pelo idioma que falamos que aos meus ouvidos é um dos mais bonitos e dos mais ricos do mundo em razão de seus muitos recursos e possibilidades de construções e variações.

Porém, quando falo em "aprender o Português" não me refiro, necessariamente, ao conhecimento das definições das regras da Gramática Normativa, apesar de não lhe negar o valor. Pelo contrário, é necessário que incorporemos estas leis de modo que o "verbo se faça carne" e nossa boca possa verbalizar aquilo do que nosso "coração" possa se encher.

Para tanto, não conheço outro instrumento mais apropriado para internalizar o estilo mais elegante da língua que a leitura, mas aí tropeçamos em outro de nossos títulos, qual seja, o de um dos países menos afeitos a este exercício, ainda que nossas editoras estejam publicando títulos em grande quantidade à cada ano.

Naturalmente, apesar de ser Bacharel em Letras não sou exemplo de perfeição vernacular. Sei que mesmo neste texto é provável que você encontre erros do ponto de vista de nossa Gramática Normativa, até porque esta questão de "revisão" é sempre complicada (Carlos Drummond de Andrade que o diga). Porém, devo admitir que o razoável domínio que tenho de nosso belíssimo idioma é fruto de muita leitura. E aqui, vale dizer, leitura "nativa" e não somente a de traduções.

Por esta razão, precisamos fazer com que nossa sociedade, a partir de nossas crianças, adquira o gosto pela leitura, ou seja, pelo livro. Um povo desenvolvido e bem educado, certamente, é um povo que lê. É necessário, neste sentido, promover uma revolução cultural em nosso país, de maneira que a leitura seja estimulada desde o início do estudo fundamental e que continue até o término da faculdade.

Herdeiros de um excelente patrimônio literário, poderíamos começar pelos autores que escreveram em nosso próprio idioma e, assim, redescobrirmos os grandes nomes de nossa Literatura. Nomes, como por exemplo, do poeta Castro Alves que no poema abaixo exalta a importância desta temática em uma de suas mais conhecidas obras.

Desfrute:

    O Livro e a América

    Talhado para as grandezas, 
    Pra crescer, criar, subir, 
    O Novo Mundo nos músculos 
    Sente a seiva do porvir. 
    — Estatuário de colossos — 
    Cansado doutros esboços 
    Disse um dia Jeová: 
    "Vai, Colombo, abre a cortina 
    "Da minha eterna oficina... 
    "Tira a América de lá".

    Molhado inda do dilúvio, 
    Qual Tritão descomunal, 
    O continente desperta 
    No concerto universal. 
    Dos oceanos em tropa 
    Um — traz-lhe as artes da Europa, 
    Outro — as bagas de Ceilão... 
    E os Andes petrificados, 
    Como braços levantados, 
    Lhe apontam para a amplidão.

    Olhando em torno então brada: 
    "Tudo marcha!... Ó grande Deus! 
    As cataratas — pra terra, 
    As estrelas — para os céus 
    Lá, do pólo sobre as plagas, 
    O seu rebanho de vagas 
    Vai o mar apascentar... 
    Eu quero marchar com os ventos, 
    Corn os mundos... co'os 
    firmamentos!!!" 
    E Deus responde — "Marchar!"

    "Marchar! ... Mas como?...  Da Grécia 
    Nos dóricos Partenons 
    A mil deuses levantando 
    Mil marmóreos Panteon?... 
    Marchar co'a espada de Roma 
    — Leoa de ruiva coma 
    De presa enorme no chão, 
    Saciando o ódio profundo. . . 
    — Com as garras nas mãos do mundo,

    — Com os dentes no coração?... 
    "Marchar!... Mas como a Alemanha 
    Na tirania feudal, 
    Levantando uma montanha 
    Em cada uma catedral?... 
    Não!... Nem templos feitos de ossos, 
    Nem gládios a cavar fossos 
    São degraus do progredir... 
    Lá brada César morrendo: 
    "No pugilato tremendo 
    "Quem sempre vence é o porvir!"

    Filhos do sec’lo das luzes! 
    Filhos da Grande nação! 
    Quando ante Deus vos mostrardes, 
    Tereis um livro na mão: 
    O livro — esse audaz guerreiro 
    Que conquista o mundo inteiro 
    Sem nunca ter Waterloo... 
    Eólo de pensamentos, 
    Que abrira a gruta dos ventos 
    Donde a Igualdade voou...

    Por uma fatalidade 
    Dessas que descem de além, 
    O sec'lo, que viu Colombo, 
    Viu Guttenberg também. 
    Quando no tosco estaleiro 
    Da Alemanha o velho obreiro 
    A ave da imprensa gerou... 
    O Genovês salta os mares... 
    Busca um ninho entre os palmares 
    E a pátria da imprensa achou...

    Por isso na impaciência 
    Desta sede de saber, 
    Como as aves do deserto 
    As almas buscam beber... 
    Oh! Bendito o que semeia 
    Livros... livros à mão cheia... 
    E manda o povo pensar! 
    O livro caindo n'alma 
    É germe — que faz a palma, 
    É chuva — que faz o mar.

    Vós, que o templo das idéias 
    Largo — abris às multidões, 
    Pra o batismo luminoso 
    Das grandes revoluções, 
    Agora que o trem de ferro 
    Acorda o tigre no cerro 
    E espanta os caboclos nus, 
    Fazei desse "rei dos ventos" 
    — Ginete dos pensamentos, 
    — Arauto da grande luz! ...

    Bravo! a quem salva o futuro 
    Fecundando a multidão! ... 
    Num poema amortalhada 
    Nunca morre uma nação. 
    Como Goethe moribundo 
    Brada "Luz!" o Novo Mundo 
    Num brado de Briaréu... 
    Luz! pois, no vale e na serra... 
    Que, se a luz rola na terra, 
    Deus colhe gênios no céu!...


    Castro Alves

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

O Brasil precisa aprender o Inglês...

Nestes últimos dias tomei conhecimento através de alguns órgãos de informação de mais uma das muitas "lanterninhas" que nós, brasileiros, ostentamos no quesito "educação". Somos um dos países mais fracos no domínio do Inglês, apesar das muitas escolas de idiomas espalhados em todo o nosso território, especialmente nas mais ricas e importantes cidades. Para variar, perdemos de países bem menores, mais pobres e de menor peso político-econômico no contexto deste mundo globalizado em que vivemos.

Apesar da opção "americanóide" que boa parte de nossas instituições e sociedade adotou, e isso se percebe facilmente ao nosso redor (ligue o rádio e você vai ouvir muito mais músicas de artistas estadunidenses e em Inglês do que MPB, por exemplo), não conseguimos adquirir o que talvez seja o mais importante neste intercâmbio cultural que é o aprendizado e domínio daquele idioma.

Vivendo aqui no Oriente Médio tenho visto de perto o quanto somos deficientes nesta área e tenho sofrido com as tribulações pelas quais passam os brasileiros por não dominarmos minimamente o Inglês, apesar da criatividade para driblarmos as situações difíceis com o nosso famoso "jeitinho".

Confesso que eu mesmo, por não ter sido dotado por Deus de um grande cérebro (apesar do tamanho do "invólucro" que o acolhe), tenho passado algumas dificuldades por não ter, ainda, o domínio pleno desta língua. Quando chegar lá, publicarei no Facebook: "tá dominado!".

Às portas de grandes eventos internacionais como a Copa do Mundo e as Olimpíadas, mas antes disso, ainda, a Jornada da Juventude Católica é necessário que nós, brasileiros, tenhamos maior interesse e disposição em aprender este idioma.

Além disso o Brasil está inserido, hoje, no ambiente das grandes potências deste século. Nossa voz, mesmo em Português, já pode ser ouvida em outros lugares e em diferentes níveis de poder. Nossa economia é uma das maiores do mundo e temos nos tornado um mercado extremamente promissor para o comércio mundial.  Em razão de nosso tamanho, potencial e importância, estamos reivindicando a reforma e um lugar permanente no fórum das decisões políticas mundias (o Conselho de Segurança da ONU) e cada diz mais inseridos na onda incontornável da globalização.

Por todos estes motivos e outros mais, precisamos aprender o Inglês e, junto com isso, aumentar o nível educacional a fim de que possamos qualificar nossa mão de obra para este cenário global cada vez mais competitivo e integrado em que vivemos, cujo idioma "oficial", por hora, é o Inglês.




sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Igreja - Israel: relações perigosas

Festa dos Tabernáculos - Mar Morto
Este Mês de Outubro foi marcado, aqui em Israel, pelas muitas festas referentes à virada do ano no Calendário Judaico: Rosh HaShanah, Slichot, Yom Kipur e Tabernáculos. Milhares de pessoas de todo o mundo visitaram a Terra Santa nestes dias. Por onde andávamos, especialmente em Jerusalém, encontrávamos caravanas vindas de todos os continentes para celebrar os feriados judaicos.

Destes milhares de visitantes a grande maioria era formada por caravanas cristãs, principalmente de linhagem evangélica que, em um fenômeno um tanto quanto recente, tem não somente incorporado elementos do judaísmo à sua liturgia e práticas, como também dado apoio irrestrito às ações do Estado de Israel, uma atitude, aliás, extremamente perigosa para a própria igreja que tem, na figura do Islã radical, seu mais ferrenho e perigoso adversário em nossos tempos.

Deixando o aspecto bíblico-teológico da questão "judaização da Igreja", que é um grande equívoco, naturalmente, gostaria de falar sobre um dos mais recentes e fortes modismos que tem invadido as igrejas mundo afora que é a de apoio político às ações do governo de Israel e, como efeito colateral, a marginalização dos palestinos, árabes e muçulmanos em geral.

Festa dos Tabernáculos - Mar Morto
No ano passado, participando de um encontro para celebrar os 100 anos dos batistas na Terra Santa ouvi de vários pastores árabes o clamor para que os cristãos estrangeiros amem aos judeus, mas também amem aos árabes.

Tal clamor não é infundado, pois além do apoio incondicional de certo movimento evangélico mundial às políticas de Israel em razão de uma interpretação superficial do texto bíblico e do desconhecimento da história e problemas desta região nos últimos séculos, há um crescente desprezo, por parte deste movimento, pelos povos árabes e dos palestinos em particular. Enquanto boa parte da população israelense reconhece a inevitabilidade de um Estado Palestino algumas igrejas, com Bíblias à mão, resgatam as promessas ao antigo Israel para afirmar a necessidade da plena conquista da "Terra Prometida" pelos descendestes de Jacó.

O grande problema de tal postura é que estas igrejas traem os princípios neotestamentários de um Deus que não faz acepção de pessoas (e nem de povos) e, sobretudo, dão um tiro no próprio pé, dificultando sua missão entre os povos que deseja alcançar. Além disso, colocam em risco as comunidades cristãs que vivem em países muçulmanos, aumentando a hostilidade por parte destes em relação ao cristianismo.

Festa dos Tabernáculos no Jardim da Tumba - Jerusalém


Para mudar esta trajetória não é necessário fazer grandes esforços, bastaria estas comunidades voltassem aos textos bíblicos que indicam que o lugar da verdadeira adoração é no coração e não em um espaço físico-geográfico e que "o meu reino não é deste mundo".

Lamentavelmente, porém, por trás de todo este "zelo" por Israel e as promessas atinentes aos judeus, há uma forte tendência mercantilista que tem transformado este tema "Igreja - Israel" em um negócio que movimenta milhares de dólares a cada ano e tem contribuído para o enriquecimento de algumas lideranças religiosas ao redor do mundo.

sábado, 13 de outubro de 2012

O bêbado e o equilibrista

A citação a Charles Chaplin na postagem anterior me fez lembrar um dos maiores nomes da MPB, João Bosco, e seu grande sucesso "O bêbado e o equilibrista" no qual ele faz menção àquele artista e canta a esperança de um novo tempo já que o Brasil, à época, vivia os anos da cruel ditadura militar.

Ainda era um adolescente, mas lembro com saudades daquele tempo em que, inocente, ouvia de nossa voz-feminina maior, Elis Regina, a emocionada versão desta belíssima canção.

Hoje, como nação, nossos desafios e sonhos são outros, mas cada um de nós enfrenta momentos em que, tal como o bêbado e o equilibrista, precisamos caminhar na corda bamba de nossa história pessoal, procurando manter o passo e o compasso para não perder a esperança e cair, definitivamente.

E é esta, a Esperança, que nos motiva a caminhar, mesmo que aos tropeços, e continuar lutando com a certeza de tempos melhores. E, embalados por esta melodia que se tornou um hino para uma geração inteira de brasileiros, nos sentimos renovados e encorajados, sabendo que tudo passa e que "o show de todo artista tem que continuar."

Desfrutem:

O bêbado e o equilibrista (João Bosco)

Caia a tarde feito um viaduto
E um bêbado trajando luto me lembrou Carlitos
A lua, tal qual a dona do bordel

Pedia a cada estrela fria um brilho de aluguel
E nuvens lá no mata-borrão do céu
Chupavam manchas torturadas, que sufoco louco
O bêbado com chapéu coco fazia irreverências mil
Prá noite do Brasil. meu Brasil
Que sonha com a volta do irmão do Henfil
Com tanta gente que partiu num rabo de foguete

Chora a nossa pátria mãe gentil
Choram marias e clarisses no solo do Brasil
Mas sei que uma dor assim pungente não há de ser inultilmente
A esperança dança na corda bamba da sombrinha
E em cada passo dessa linha pode se machucar
Azar, a esperança equilibrista
Sabe que o show de todo artista
Tem que continuar


terça-feira, 2 de outubro de 2012

"O Grande Ditador"

Charles Chaplin em "O grande ditador"
Sem sombra de quaisquer dúvidas Charles Chaplin foi um dos maiores nomes da história do cinema. Sua atuação, direção e produção mostraram, sempre, a genialidade de sua mente e sua capacidade em transmitir forte conteúdo através de suas películas, ainda no período do cinema mudo.

Em um de seus maiores momentos, produziu e atuou em "O grande ditador", obra na qual faz uma sátira aos ditadores de modo geral e, como não poderia deixar de ser, à Hitler e ao nazismo em particular e também ao ditador italiano, à época, Benito Mussolini.

"O grande ditador" foi seu primeiro filme falado, lançado nos Estados Unidos em 1940, antes mesmo que este país abandonasse sua postura de neutralidade, entrando, definitivamente, na Segunda Guerra Mundial.

Trata-se de um filme-protesto, em forma de sátira, mas com forte conteúdo de contestação e denúncia do regime político promovido pela Alemanha de Adolf Hitler inclusive de sua perseguição aos judeus.

Comum a uma atitude profética a palavra de esperança não poderia faltar e o filme acaba com um belo discurso do barbeiro judeu, confundido com o ditador do fictício reino da "Tomânia", ambos interpretados por Chaplin, onde valores como "solidariedade" e "liberdade" são exaltados e a possibilidade da construção de um mundo melhor, construído com base na razão, na ciência e no progresso ("há controvérsias") é proposta.

No último parágrafo deste discurso as palavras de esperança, pronunciadas pelo barbeiro, são dirigidas especialmente à Hannah (nome da mãe de Charles Chaplin), interpretada pela atriz Paulette Goddard, que era esposa de Chaplin na vida real, mas que no filme assumiu o papel da mulher por quem o barbeiro judeu se apaixona.

Abaixo a transcrição do discurso e o trecho do filme em que o discurso é pronunciado.

Vale à pena ler e assistir.


Desfrute e pense!


Charles Chaplin em "O grande ditador"


"Todos nós desejamos ajudar uns aos outros. Os seres humanos são assim. Desejamos viver para a felicidade do próximo - não para o seu infortúnio. Por que havemos de odiar e desprezar uns aos outros? Neste mundo há espaço para todos. A terra, que é boa e rica, pode prover a todas as nossas necessidades. 

O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém nos extraviamos. A cobiça envenenou a alma dos homens, levantou no mundo as muralhas do ódio e tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e os morticínios. Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. A máquina, que produz abundância, tem-nos deixado em penúria. Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco. Mais do que de máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido.

A aviação e o rádio nos aproximou. A própria natureza dessas coisas é um apelo eloqüente à bondade do homem, um apelo à fraternidade universal, a união de todos nós. Neste mesmo instante a minha voz chega a milhares de pessoas pelo mundo afora. Milhões de desesperados: homens, mulheres, criancinhas, vítimas de um sistema que tortura seres humanos e encarcera inocentes. Aos que podem me ouvir eu digo: não desespereis! A desgraça que tem caído sobre nós não é mais do que o produto da cobiça em agonia, da amargura de homens que temem o avanço do progresso humano. Os homens que odeiam desaparecerão, os ditadores sucumbem e o poder que do povo arrebataram há de retornar ao povo. E assim, enquanto morrem homens, a liberdade nunca perecerá. 

Soldados! Não vos entregueis a esses brutais, que vos desprezam, que vos escravizam, que arregimentam vossas vidas, que ditam os vossos atos, as vossas idéias e os vossos sentimentos. Que vos fazem marchar no mesmo passo, que vos submetem a uma alimentação regrada, que vos tratam como gado humano e que vos utilizam como bucha de canhão. Não sois máquina. Homens é que sois. E com o amor da humanidade em vossas almas. Não odieis. Só odeiam os que não se fazem amar, os que não se fazem amar e os inumanos. 

Soldados! Não batalheis pela escravidão. Lutai pela liberdade. No décimo sétimo capítulo de São Lucas está escrito que o reino de Deus está dentro do homem - não de um só homem ou grupo de homens, mas de todos os homens. Está em vós. Vós, o povo, tendes o poder - o poder de criar máquinas; o poder de criar felicidade. Vós o povo tendes o poder de tornar esta vida livre e bela, de fazê-la uma aventura maravilhosa. Portanto - em nome da democracia - usemos desse poder, unamo-nos todos nós. Lutemos por um mundo novo, um mundo bom que a todos assegure o ensejo de trabalho, que dê futuro à mocidade e segurança à velhice. 

É pela promessa de tais coisas que desalmados têm subido ao poder. Mas, só mistificam. Não cumprem o que prometem. Jamais o cumprirão. Os ditadores liberam-se, porém escravizam o povo. Lutemos agora para libertar o mundo, abater as fronteiras nacionais, dar fim à ganância, ao ódio e a prepotência. Lutemos por um mundo de razão, um mundo em que a ciência e o progresso conduzam à ventura de todos nós. Soldados, em nome da democracia, unamo-nos. 

Hannah, estás me ouvindo? Onde te encontrares, levanta os olhos. Vês, Hannah? O sol vai rompendo as nuvens que se dispersam. Estamos saindo da treva para a luz. Vamos entrando num mundo novo - um mundo melhor, em que os homens estarão acima da cobiça, do ódio e da brutalidade. Ergue os olhos, Hannah. A alma do homem ganhou asas e afinal começa a voar. Voa para o arco-íris, para a luz da esperança. Ergue os olhos, Hannah. Ergue os olhos."

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Anjos no Deserto

O que motiva uma jovem a deixar seu país, família e amigos para viver em uma terra tão distante e inserida em uma cultura significativamente diferente? O desejo de aventuras e fortes emoções, ou mesmo o de fazer turismo e constatar, in loco, o fantástico caleidoscópio da raça humana?

Bem, ainda que este possa ter sido o caso de muitas pessoas que tiveram experiências semelhantes em seus contatos transculturais, não foi esta a motivação de Raquel Elana uma jovem jornalista carioca que há alguns anos deixou tudo para trás a fim de se dedicar ao serviço humanitário em nações do Oriente Médio.

Neste período Raquel Elana teve experiências riquíssimas e resolveu compartilhá-las através de um livro ao qual deu o nome de "Anjos do Deserto" publicado pela JAMI.

Nele você vai conhecer um pouco mais sobre a vida e trabalho de Raquel em sua caminhada por terras tão distantes e, muitas vezes, perigosas. Além disso, conhecerá um pouco mais sobre as sociedades árabes, sua cultura, e os desafios para o desenvolvimento do trabalho que Raquel se propôs realizar.

Trata-se de um livro conciso, de apenas 119 páginas de uma agradável leitura, e que pode se constituir em uma introdução para os que desejam se lançar à aventuras semelhantes ou mesmo para os que desejam conhecer mais sobre tão complexas e fascinantes realidades. Conheci Raquel, pessoalmente, e sei que o desejo de seu coração é que outros encontrem orientação e motivação para o trabalho do Reino através de suas páginas.

Todos os que desejarem maiores informações podem falar diretamente com  autora através de seu email pessoal: worshipfree@gmail.com

Boa Leitura!

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Shanah Tovah!

Hoje começa o ano novo judaico de 5.773. Israel está em festa e especialmente a Cidade de Jerusalém.

Um grande número de pessoas se dirige às Sinagogas para cantar, orar e celebrar por longas horas, mesmo durante a madrugada.

De meu quarto posso ouvir os sons das vibrantes músicas que são entoadas, todas bem conhecidas do cancioneiro judaico.

As preocupações com a possibilidade de guerra e o alto custo de vida estão, por hora, esquecidos, pelo menos por parte da grande massa. O que importa, neste momento, é celebrar e confraternizar na expectativa de um ano bom e doce.

Este é um tempo, também, para refletir sobre a vida, pois segundo a Tradição Judaica este é o momento em que Deus pesa as ações dos homens e, portanto, é o tempo propício para fazer acertos com o Criador. O Yom Kipur logo chegará para que o perdão, pelas más ações, seja reivindicado. Depois disso virá a Festa dos Tabernáculos ou das Cabanas (Sukot) para relembrar ao povo sua peregrinação em direção à Terra Prometida com todos as implicações deste evento.

Enfim, de festa em festa este povo vai construindo sua história apesar de todo o passado de perseguições e ameaças de aniquilação. É interessante perceber, mesmo com tamanho histórico, que a Cultura Judaica celebra a alegria, a vida e aponta, com otimismo, para a possibilidade de um mundo melhor.

Shanah Tovah UMetukah!









sábado, 15 de setembro de 2012

"Quem sou eu?"

Dietrich Bonhoeffer

Parece que em certos momentos da vida uma pessoa pode mergulhar em uma crise tão grande que chega a abalar os fundamentos de seu ser. Nestes períodos íntimos e de extrema solidão uma das perguntas mais profundas diz respeito à sua própria identidade: "quem sou eu?"

Sim, "quem sou eu?" porque há muitos olhares sobre nossa verdadeira identidade. As pessoas possuem diferentes percepções à nosso respeito e estas podem mudar, sensivelmente, em tempos de crise. Jesus mesmo passou sobre isso na cruz quando alguns se dirigiram a ele dizendo: "Se tu és o Filho de Deus...", e outro: "se tu és o Messias..." O silêncio foi sua resposta!

Para os angustiados, porém, as perguntas não são diferentes. O desprezo, o abandono, as injustiças sofridas, a expiação de suas próprias culpas e as dos outros fazem com que duvidem si mesmos e de seu verdadeiro caráter.

Esta foi a experiência, por exemplo, de Dietrich Bonhoeffer, teólogo alemão enforcado pelos nazistas aos 39 anos, em razão de sua oposição ao sistema, em 9 de Abril de 1945, três semanas antes do suicídio de Hitler.

Nos dias de sua prisão, além de vasta correspondência, publicadas sob o título "Cartas da Prisão", Bonhoeffer produziu um belo poema-oração em que expressa seu profundo conflito em razão daquilo que ele sabia que sentia e era e das diferentes percepções que as pessoas expressavam acerca dele.

Quando li pela primeira vez este poema, há anos, ele tocou-me profundamente e ainda hoje é um texto de forte conteúdo para mim, que me abençoa e me encoraja.

Desfrute-o:


Quem sou eu?

Quem sou eu? Freqüentemente me dizem
Que saí da confinação da minha cela
De modo calmo, alegre, firme,
Como um cavalheiro da sua mansão.

Quem sou eu? Freqüentemente me dizem
Que falava com meus guardas
De modo livre, amistoso e claro
Como se fossem meus para comandar.
Quem sou eu? Dizem-me também
Que suportei os dias de infortúnio
De modo calmo, sorridente e alegre
Como quem está acostumado a vencer.

Sou, então, realmente, tudo aquilo que os outros dizem de mim?
Ou sou apenas aquilo que sei acerca de mim mesmo:
Inquieto, saudoso e doente, como ave na gaiola,
Lutando pelo fôlego, como se houvesse mãos apertando minha garganta,
Ansiando por cores, por flores, pelas vozes das aves,
Sedento por palavras de bondade, de boa vizinhança
Conturbado na expectativa de grandes eventos,
Tremendo, impotente, por amigos a uma distância infinita,
Cansado e vazio ao orar, ao pensar, ao agir,
Desmaiando, e pronto para dizer adeus a tudo isto?

Quem sou eu? Este ou o outro?
Sou uma pessoa hoje e outra amanhã?
Sou as duas ao mesmo tempo? Um hipócrita diante dos outros,
E diante de mim um fraco, desprezivelmente angustiado?
Ou há alguma coisa ainda em mim como exército derrotado,
Fugindo em debandada da vitória já alcançada?

Quem sou eu? Minhas perguntas zombam de mim na solidão.
Porém, seja quem eu for, Tu sabes, ó Deus, que sou Teu!

Dietrich Bonhoeffer

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Orgulho de ser... Brasileirinho!

Chorinho por Portinari
Nestas terras de "Deus me livre", pelas quais tenho andado, sou invadido, frequentemente, por uma saudade enorme de meu país, de seus cheiros, seus gostos e de seus sons.

Mesmo considerando que há muita coisa em nossa cultura que deve ser revista e mudada, à cada experiência fora do Brasil, tenho amado ainda mais nossa terra e povo.

Temos bom humor, somos acolhedores e falamos o Português, uma língua rica, bela, cheia de doçura, suavidade e sensualidade.

Se temos políticos que encarnam o que há de pior em nosso "brasilian way of life" e que nos fazem sentir vergonha, muitas vezes, temos um tanto de outras razões para nos sentirmos orgulhosos de sermos brasileiros.

Um destes motivos, certamente, é a diversidade e a qualidade de nossa herança musical, tão sincrética quanto é sincrética nossa "raça" e cultura.

O encontro de povos no Brasil criou um caleidoscópio musical de altíssima qualidade. Talvez poucos países no mundo, nestes últimos cento e cinquenta anos, tenham parido tão grande quantidade de músicos de primeira grandeza e tanta diversidade de ritmos e beleza harmônica.

De leste a oeste, sul a norte (apesar da marginalização deste último), temos o que de há de melhor em ritmos, sons e melodias, ousarei dizer, no mundo.

Por esta e por outras razões é que digo que me orgulho de ser... Brasileirinho.

Confira:


quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Manifestações da Graça de Deus na Cultura Popular

Há alguns anos escrevi um editorial no boletim dominical da Igreja que pastoreava no Rio de Janeiro com este mesmo título.

Inspirado por um encontro "místico" com um novo grupo musical brasileiro, o Teatro Mágico, saí do Circo Voador - uma casa de shows na Lapa, Centro do Rio - deslumbrado, junto com meus dois filhos, por toda a beleza e encantamento proporcionados pelo excelente trabalho da trupe. Poucas vezes, ou talvez nunca, havia presenciado um trabalho tão completo, com música de alta qualidade, poesia, circo e teatro. Vi adolescentes emocionados e adultos às lágrimas (meu caso). Não havia nenhum apelo emocional, mas a estética do evento tocou profundamente à todos.

Durante e depois, fiquei a pensar no quanto perdemos de testemunhar das manifestações da graça de Deus em razão de um conceito pobre e reduzido de "espiritualidade" que nos aprisiona nos guetos religiosos e nos impede de perceber que a "glória de Deus enche toda a terra" e que Sua graça não está aprisionada à Igreja e nem a qualquer outra instituição, religião ou personalidade. Tal atitude tem empobrecido nosso culto, música e púlpito, o que nos limita em muito em nossa comunicação com o mundo, objeto do amor de Deus.

É necessário, portanto, mesmo "não sendo do mundo", mas estando nele, que saíamos à ouvi-lo a fim de que possamos encontrar ouvidos abertos para aquilo que desejamos comunicar.

Começar pelo "O Teatro Mágico" poderia ser uma boa sugestão.

Desfrute!

terça-feira, 28 de agosto de 2012

"O que é, o que é?"

Há momentos na vida em que precisamos aquietar, calar e rever nossa história, nossos erros e acertos, nossos conceitos. Estes podem ser, também, momentos em que tenhamos que decidir entre a culpa e o perdão, a alegria e a tristeza, brigar com o mundo ou sofrer a injustiça, calados, assumindo as responsabilidades, plenamente, pelos próprios erros e servindo de bode expiatório para os dos outros. Podem ser, ainda, situações tão extremas, de dor tão particular, que somente quem a sofre a sabe, que tenhamos que decidir entre se deixar morrer ou perseverar e continuar construindo a história com a teimosa  convicção que vale à pena viver e de que a vida é bela.

Nestes momentos de caminhada solitária muitas vozes nos estimulam a perseverar. A graça de Deus, que é soberana e permeia toda a nossa história e existência, se manifesta em cenários considerados improváveis por boa parte dos religiosos, proprietários da verdade e do sagrado, e se revela em cenários, temperos, aromas e sons, restaurando nossa esperança, alegria e fé.

É de um destes "sons", cheio da graça comum que Deus derrama sobre tudo e todos, que recebo uma das mais encorajadoras mensagens para continuar a caminhada, acreditando, inclusive, contra todas as evidências, na Igreja.

É de Luiz Gonzaga do Nascimento Júnior, grande compositor de nossa MPB (herdeiro de um outro Gonzaga, maior), vitimado por um acidente de transito aos 45 anos, que me chegam as palavras de maior encorajamento, nesta poesia, transcrita abaixo, cheia de alegria, esperança, otimismo, beleza e vida, acompanhada por uma melodia não menos bela que você pode ouvir no vídeo a seguir:

"O que é, o que é?"

Eu fico
Com a pureza
Da resposta das crianças
É a vida, é bonita
E é bonita...

Viver!
E não ter a vergonha
De ser feliz
Cantar e cantar e cantar
A beleza de ser
Um eterno aprendiz...

Ah, meu Deus!
Eu sei, eu sei
Que a vida devia ser
Bem melhor e será
Mas isso não impede
Que eu repita
É bonita, é bonita
E é bonita...

E a vida!
E a vida o que é?
Diga lá, meu irmão
Ela é a batida
De um coração
Ela é uma doce ilusão
Hê! Hô!

E a vida
Ela é maravilha
Ou é sofrimento?
Ela é alegria
Ou lamento?
O que é? O que é?
Meu irmão...

Há quem fale
Que a vida da gente
É um nada no mundo
É uma gora, é um tempo
Que nem dá um segundo...

Há quem fale
Que é um divino
Mistério profundo
É o sopro do criador
Numa atitude repleta de
amor

Você diz que é luta e prazer
Ele diz que a vida é viver
Ela diz que melhor é morrer
Pois amada não é
E o verbo é sofrer...

Eu só sei que confio na moça
E na moça eu ponho a força
da fé
Somos nós que fazemos a
vida
Como der, ou puder, ou
quiser...

Sempre desejada
Por mais que esteja errada
Ninguém quer a morte
Só saúde e sorte...

E a pergunta roda
E a cabeça agita
Eu fico com a pureza
Da resposta das crianças
É a vida, é bonita
E é bonita...


terça-feira, 12 de junho de 2012

PRECISO DE UM TEMPO


Por mais de um motivo, ficarei sem escrever aqui e no tuiter.
Vou me exilar de todas as redes sociais por um tempo.
Mais cedo ou mais tarde chega o tempo em que algum ciclo se fecha.

Como preciso saber discernir a minha hora: chegou um momento decisivo em minha vida.

Não escondo a minha profunda dor. Fui cuspido, difamado e ridicularizado por quem acreditei ser parceiro. Meu coração sofreu além da conta. Noto que me resta pouco tempo de vida -não sei quanto, mas estou consciente de que é pouco.

Em Fortaleza, tive que enfrentar um piquete na porta da igreja que eu considerava a menina dos meus olhos. Depois, oportunistas se sucederam em me esfaquear. Pessoas baixas se revezaram em colocar o meu nome entre os grandes apóstatas da fé. A Betesda em Fortaleza praticamente implodiu. A princípio, sofri. Depois, preocupei-me com amigos, parceiros e discípulos. Eles sofriam as consequências de minhas posições. Embora eu nunca, em tempo algum, tenha vendido a alma ao sucesso, não bastou. As pedradas não cessaram.

Eu podia ser outra pessoa. Estou consciente de meus dons e talentos. Sei que poderia tornar-me famoso e disputado entre os maiorais do movimento evangélico. Mas, não sei explicar, preferi o caminho dos proscritos. E a minha história virou piada; fui arrastado ao charco. Dei uma entrevista à revista Carta Capital (eu daria novamente, sem tirar uma vírgula) e os eventos desandaram. Antigos companheiros passaram a me evitar como um leproso. Reconhecer que homossexuais têm direito era um pecado incontornável. Contudo, prefiro o ódio de fundamentalistas e homofóbicos à falta de paz; quero poder deitar a cabeça no travesseiro com a consciência de que defendi o que é justo.

Eu supus ter amigos entre os evangélicos. Enganei-me. Quando a revista Ultimato me defenestrou como articulista, não contei com cinco amigos que ousassem dar a cara a bater por mim. Nessa hora vi o quanto fui usado. Eu não passava de grife, ornando panfletos de eventos. Saí de casa, deixei meus filhos, esqueci meus pais, dormi em hotéis de quinta categoria, para dar credibilidade a conferências chinfrins. Os amigos, que supunha de caminhada, se calaram. Estavam preocupados com eles mesmos na hora do meu linchamento. Os meus verdadeiros amigos se resumiam aos poucos parceiros que sobraram na Betesda e me deram a mão. Só um punhado se solidarizou quando me viu arrastado na sarjeta. Alguns, para minha profunda decepção, se aproveitaram de vírgulas doutrinárias para jogar ainda mais querosene no fogo brando que fundamentalistas acenderam.

Na verdade, estou exaurido. Agora virou questão de saúde. Como não posso respirar, minimamente, o ar dos evangélicos não serve como terapia. Deixei de acreditar na grande maioria dos líderes, pastores, teólogos e missionários evangélicos. Não confio nos que se dizem pregadores da Boa Notícia do Nazareno; e isso é ruim. Depois de presenciar excrescências éticas, depois de ver-me roubado em direitos autorais, depois de usado e sugado não quero mais a piedade plástica e mentirosa dos que se sentem responsáveis pela salvação do mundo. A subcultura religiosa que me acalentou e me fez um homem bem sucedido agora me traumatiza. E quando a gente perde o respeito, acabam-se os argumentos.

Sinto que chega a hora de começar outro ciclo. Não sei como, mas para que aconteça, meu primeiro passo deve ser o exílio das redes sociais. Quanto tempo fico fora deste site e do tuiter, não sei. Mas, igual aos adolescentes quando querem acabar o namoro, digo: preciso de um tempo. Resta-me a igreja Betesda, minha comunidade de fé na Avenida Alberto de Zagottis, 1000. Ali é minha cidade de refúgio. Continuarei liderando o pequeno rebanho de homens e mulheres que, apesar de toda a propaganda danosa, ainda se reúne para me ouvir nos domingos. Com eles, e por causa deles, continuo.

Saio das redes sociais por recomendação médica; mas, também, por bom siso: preciso procurar alguma caverna, e lá, trocar de pele.

Soli Deo Gloria

Pr. Ricardo Gondim

Assembléia de Deus Betesda

São Paulo

sábado, 26 de maio de 2012

A cultura do grotesco

Esta semana foi marcada, no Brasil, pela desastrosa atuação da jornalista Mirella Cunha, do Programa Brasil Urgente da TV Bandeirantes, na Bahia.

Daqui de Israel aliei-me aos que, como eu, se indignaram com a performance daquela profissional de Imprensa que, pelo menos naquele momento, encarnou o que há de pior nos meios de comunicação em nosso país. Não há dúvidas de que sua postura foi extremamente infeliz,  infantil, abusiva, prepotente e, por tudo isso e mais alguma coisa, reprovável.

Por outro lado, é necessário enquadrar sua atuação em um contexto maior e admitir que o desempenho de Mirella é fruto direto da banalização de um certo tipo de comportamento, outrora marginal, que tem se tornado cultural: a exposição do grotesco.

Olhando por este prisma, boa parte da proposta televisiva brasileira pode ser enquadrada no conceito.  Programas humorísticos, por exemplo, sob o argumento da "liberdade de expressão", tem perdido a noção dos limites da decência e do bom senso e se tornaram bizarros (no sentido popular do termo). Até mesmo programas religiosos aderiram a esta cultura em seus discursos e práticas esdrúxulas. Na disputa pelo "rebanho", abandonaram, há muito, a simplicidade do Evangelho de Cristo (alguns nem conheceram isso). Enfim, da "guerra santa" instalada entre certas igrejas no Brasil ao conflito secular pela audiência, está difícil escolher quem apela mais ao grotesco.

O fato é que, no contexto de mulheres frutas, balançando seus atributos físicos sob músicas "impossíveis", estupros verbais de comediantes inconvenientes e arrogantes, entrevistas com "demônios", BBB's, UFC's, etc., Mirella é somente mais um caso neste quadro tenebroso que se instalou em nosso ambiente sócio-cultural-religioso.

Otimista, espero que estejamos vivenciando um modismo, pura e simplesmente, e não um empobrecimento, definitivo, de nossa capacidade de reflexão, de reconhecer os limites do ridículo e, enfim, de nossos valores e cultura.

Reverter este quadro, porém, não será algo fácil, pois dificilmente os "donos do poder" abrirão mão dos lucros à favor da qualidade, isto dito, inclusive, por um apresentador de um dos programas mais celebrados de nossa TV.

Sendo assim, está em nossas mãos o poder e a responsabilidade de tentar mudar esta trajetória.


quarta-feira, 2 de maio de 2012

Perambulando - "A revolta do Batalhão Naval"

Caros amigos

Estou começando uma nova fase deste blog que foi criado, inicialmente, para registrar eventos relacionados à minha caminhada pelo Oriente Médio (Israel e Jordânia) durante os Meses de Abril a Outubro do ano passado. Porém, como desenvolvi o site www.pordentrodoorientemedio.com onde pretendo continuar postando minhas experiências nesta região (já me encontro em Jerusalém - Israel, novamente), decidi ampliar este blog para outros temas e experiências, nas muitas andanças que pretendo fazer daqui para frente. Daí o nome "Perambulando", pois pretendo vaguear sobre temas e lugares diversos, sempre registrando aquilo que puder ser interessante para vocês que tem acompanhado minha vida e trabalho.

Este novo momento é inaugurado por uma entrevista com o Professor Dr. Henrique Samet, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Professor titular da Faculdade de Letras Português-Hebraico.

O Professor Henrique me recebeu para um bate papo em sua casa no Rio de Janeiro, a fim de falar de seu livro, já há alguns meses publicado pela Garamond Universitária, "A Revolta do Batalhão Naval".

Em uma entrevista informal e muito agradável falamos sobre este importante evento, associado à Revolta da Chibata, que aconteceu no início do Século XX, envolvendo os militares da Marinha Brasileira.

Meus agradecimentos ao Professor Henrique pela generosa acolhida, minhas felicitações por sua mui útil contribuição à história de nosso país e, ao mesmo tempo, meu desejo que as próximas obras, que já estão no "forno", venham alcançar boa repercussão e, sobretudo, trazer-lhe a alegria de saber que seu conhecimento esta sendo compartilhado e inspirando a outros.

Obrigado a todos

Marco Wanderley