sábado, 26 de maio de 2012

A cultura do grotesco

Esta semana foi marcada, no Brasil, pela desastrosa atuação da jornalista Mirella Cunha, do Programa Brasil Urgente da TV Bandeirantes, na Bahia.

Daqui de Israel aliei-me aos que, como eu, se indignaram com a performance daquela profissional de Imprensa que, pelo menos naquele momento, encarnou o que há de pior nos meios de comunicação em nosso país. Não há dúvidas de que sua postura foi extremamente infeliz,  infantil, abusiva, prepotente e, por tudo isso e mais alguma coisa, reprovável.

Por outro lado, é necessário enquadrar sua atuação em um contexto maior e admitir que o desempenho de Mirella é fruto direto da banalização de um certo tipo de comportamento, outrora marginal, que tem se tornado cultural: a exposição do grotesco.

Olhando por este prisma, boa parte da proposta televisiva brasileira pode ser enquadrada no conceito.  Programas humorísticos, por exemplo, sob o argumento da "liberdade de expressão", tem perdido a noção dos limites da decência e do bom senso e se tornaram bizarros (no sentido popular do termo). Até mesmo programas religiosos aderiram a esta cultura em seus discursos e práticas esdrúxulas. Na disputa pelo "rebanho", abandonaram, há muito, a simplicidade do Evangelho de Cristo (alguns nem conheceram isso). Enfim, da "guerra santa" instalada entre certas igrejas no Brasil ao conflito secular pela audiência, está difícil escolher quem apela mais ao grotesco.

O fato é que, no contexto de mulheres frutas, balançando seus atributos físicos sob músicas "impossíveis", estupros verbais de comediantes inconvenientes e arrogantes, entrevistas com "demônios", BBB's, UFC's, etc., Mirella é somente mais um caso neste quadro tenebroso que se instalou em nosso ambiente sócio-cultural-religioso.

Otimista, espero que estejamos vivenciando um modismo, pura e simplesmente, e não um empobrecimento, definitivo, de nossa capacidade de reflexão, de reconhecer os limites do ridículo e, enfim, de nossos valores e cultura.

Reverter este quadro, porém, não será algo fácil, pois dificilmente os "donos do poder" abrirão mão dos lucros à favor da qualidade, isto dito, inclusive, por um apresentador de um dos programas mais celebrados de nossa TV.

Sendo assim, está em nossas mãos o poder e a responsabilidade de tentar mudar esta trajetória.


quarta-feira, 2 de maio de 2012

Perambulando - "A revolta do Batalhão Naval"

Caros amigos

Estou começando uma nova fase deste blog que foi criado, inicialmente, para registrar eventos relacionados à minha caminhada pelo Oriente Médio (Israel e Jordânia) durante os Meses de Abril a Outubro do ano passado. Porém, como desenvolvi o site www.pordentrodoorientemedio.com onde pretendo continuar postando minhas experiências nesta região (já me encontro em Jerusalém - Israel, novamente), decidi ampliar este blog para outros temas e experiências, nas muitas andanças que pretendo fazer daqui para frente. Daí o nome "Perambulando", pois pretendo vaguear sobre temas e lugares diversos, sempre registrando aquilo que puder ser interessante para vocês que tem acompanhado minha vida e trabalho.

Este novo momento é inaugurado por uma entrevista com o Professor Dr. Henrique Samet, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Professor titular da Faculdade de Letras Português-Hebraico.

O Professor Henrique me recebeu para um bate papo em sua casa no Rio de Janeiro, a fim de falar de seu livro, já há alguns meses publicado pela Garamond Universitária, "A Revolta do Batalhão Naval".

Em uma entrevista informal e muito agradável falamos sobre este importante evento, associado à Revolta da Chibata, que aconteceu no início do Século XX, envolvendo os militares da Marinha Brasileira.

Meus agradecimentos ao Professor Henrique pela generosa acolhida, minhas felicitações por sua mui útil contribuição à história de nosso país e, ao mesmo tempo, meu desejo que as próximas obras, que já estão no "forno", venham alcançar boa repercussão e, sobretudo, trazer-lhe a alegria de saber que seu conhecimento esta sendo compartilhado e inspirando a outros.

Obrigado a todos

Marco Wanderley